Quando tive a oportunidade de trabalhar e iniciar a minha carreira de marketing na Gillette do Brasil, aprendi a admirar muito a empresa pelas seguintes características:
1 - Pelo seu modelo de gestão tão organizado, desenvolvido e avançado que planejava e controlava todas as ações e atividades de maneira surpreendente;
2 - Pela sua estratégia de marketing vencedora que garantia a manutenção da liderança no mercado, através do desenvolvimento contínuo de novos produtos e novas tecnologias do barbear molhado (wet shaving), utilizando com sucesso a estratégia de marca guarda-chuva (usando Gillette como marca mãe) e combatendo os concorrentes de forma agressiva com marca off-brand e preços seletivamente competitivos;
3 - Pela gestão de seus recursos humanos que buscava o desenvolvimento de talentos e a motivação contínua dos colaboradores;
4 - E por fim, pela história admirável e interessante de seu criador: King Champ Gillette.
Quero compartilhar com vocês um pouco da história dessa empresa, que se confunde com o início da criação de uma nova categoria de produtos: a lâmina de barbear, mais popularmente conhecida como "gilete".
Vejamos a estória da lâmina de barbear segundo o Blog Mundo das Marcas.
A primeira faz tchan, a segunda faz tchun, e tchan, tchan, tchan, tchan! Barba feita com perfeição e rapidez, para alegria dos barbados mundiais. GILLETTE, marca que provocou uma revolução nos processos de retirada de pêlos indesejáveis, se transformou em sinônimo de lâmina de barbear. Alguém duvida disso?
-A história
Para entrar no mundo das grandes empresas você precisa ser criativo e audacioso, no mínimo. King Camp Gillette, funcionário da Companhia de Selos de Baltimore, cumpriu parte desses critérios quando inventou o chamado safety razor (barbeador seguro). Em uma manhã quente de 1895, ao fazer a barba, ele simplesmente teve um momento de inspiração e idealizou um aparelho que revolucionou o ato de barbear para sempre. Percebendo que para se barbear, só a ponta da lâmina da navalha era necessária, pensou então em fabricar uma lâmina de aço pequena e descartável. Muito mais prática do que a navalha que ele vivia tendo que levar a um amolador. Era isso, um sistema de barbear de longa durabilidade que utilizasse lâminas descartáveis.
O segredo não era propriamente o aparelho, e sim a lâmina, uma camada fina de aço afiada dos dois lados, que poderia ser usada algumas vezes e depois substituída. Os industriais não acreditavam ser possível fazer uma lâmina pequena, de bom corte e barata a ponto de ser jogada fora depois. Com a ajuda de William Nickerson, um engenheiro mecânico de sucesso, formado no Massachusetts Institute of Technology, resolveram os problemas técnicos e superando os problemas de engenharia da época para produzir, em escala industrial, o primeiro aparelho de barbear, não mediram esforços até fundar, em 1901, na cidade de Boston, estado de Massachusetts, a Gillette Safety Razor Company, com um capital de US$ 5 mil, emprestado pelo industrial John Joyce.
Dois anos depois, o produto foi lançado no mercado, com o preço de US$ 5 pelo suporte e de US$ 1 por um pacote de 20 lâminas, vendendo 51 aparelhos e 168 lâminas ao final do primeiro ano. Já em 1904, os números traduziam o sucesso do inovador produto: 90.000 aparelhos e cerca de 12 milhões de lâminas vendidas. Em 15 de novembro deste mesmo ano, sob o número #775,134, estava garantida para King C. Gillette a patente do aparelho de barbear. Em 1905, tem início o primeiro processo de produção no exterior, em uma fábrica de acentos para bicicleta, localizada em Paris, visando abastecer a crescente demanda do mercado europeu, além da abertura de um escritório de vendas em Londres. Logo depois, inaugura uma fábrica no Canadá e, em 1908, abre uma filial de vendas na Alemanha. Depois disso, o desafio maior foi mudar os hábitos de barbear vigentes na época. Durante a Primeira Guerra Mundial, um grande passo foi dado nesse sentido, quando a GILLETTE enviou um aparelho de barbear para cada soldado americano, cerca de 3.5 milhões de aparelhos e 36 milhões de lâminas. Assim, muitos deles acabaram adquirindo o hábito de barbear-se em casa, ao invés de irem ao barbeiro. Nesta época, as lâminas eram embaladas uma a uma, em papéis com o retrato e a assinatura de King C. GILLETTE. Ao criar a embalagem assinada pelo inventor e fabricante, a empresa desde cedo conquistou a credibilidade do público. Em 1939, a marca, que já figurava entre as maiores empresas do mundo, começou a patrocinar o esporte. Esta atitude, muito simpática ao público, se mantém até hoje, como, por exemplo, no patrocínio das Copas do Mundo de Futebol.
Na década de 40, a GILLETTE tomou a decisão de diversificar sua atuação no mercado e expandir seus negócios a outras categorias de produtos. Quando a guerra termina, em 1945, uma nova geração de soldados, que tinham aprendido a barbear-se com os aparelhos GILLETTE, voltava para casa. A 1ª Grande Guerra incutiu nos jovens o hábito de se barbearem; a Segunda Guerra Mundial ensinara-lhes a fazê-lo diariamente. Somente em 1952 a empresa adotou o nome The Gillette Company. No Brasil, no ano de 1968, a GILLETTE introduziu o aparelho Techmatic, um revolucionário sistema de carga com fita contínua que possibilitava uma qualidade no barbear significativamente superior ao que existia até então. Seguindo o processo evolutivo, no ano de 1975 a empresa lançou G II, o sistema de barbear com lâminas paralelas e intercambiáveis que foi o maior avanço tecnológico desde o surgimento do aparelho de barbear de lâminas de duplo fio. Os anos se passaram, e diversos aperfeiçoamentos foram sendo introduzidos nos aparelhos e nas lâminas.
Fonte: Texto na íntegra extraído do blog Mundo das Marcas. Acesse o link.King Champ Gillette - O criador da cultura descartável
Quem tiver interesse em conhecer um pouco mais do inventor, industrial e vendedor, King Champ Gillette, leia o livro " The Human Drift" escrito por êle e publicado em 1894, no qual ele descrevia como deveria ser uma cidade ideal: Metrópolis. Era uma visão futurista de uma sociedade onde tudo funcionaria de maneira integrada e eficiente, até mesmo na questão do uso dos recursos. Ele já mostrava uma visão de sustentabilidade muito além do seu tempo. Ele também escreveu outros livros a partir desse tema.
Acesse o link para ler o texto editado: Metrópolis .
O texto foi selecionado, escaneado, editado, provido com notas de rodapés e formatado como documento digital por John W. Reps, Professor Emérito da Universidade de Cornell, Departamento de Cidade e Planejamento Regional, West Sibley Hall, Ithaca, Nova York. E-mail: jwr2@cornell.edu
Quem quiser adquirir o livro original ou demais publicações do King Champ Gillette pode acessar o link da Amazon.
Artur Reis
Persistencia e fé nos levam a lugares incríveis!! Otimo texto!! Beijos
ResponderExcluirÉ verdade Roberta. Ele realmente acreditou na sua idéia e fez tudo que podia para torná-la realidade. Utilizou inclusive muitas táticas promocionais para tentar gerar experimentação de seu novo produto. Até hoje essas táticas são usadas pela Gillette e por diversas empresas que produzem produtos de consumo de massa. Obrigado. Beijos.
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