Por Artur Reis
Aproveitando o contexto atual marcado pela polêmica sobre
os efeitos nocivos do fumo, apresento a seguir uma breve retrospectiva da
evolução do cigarro como produto, com foco na indústria tabagista, a partir da
coletânea de diversas publicações encontradas sobre o tema.
O objetivo é tentar prover uma perspectiva
mercadológica do desenvolvimento do cigarro como produto, influenciado por
fatores sócio-culturais, econômicos, históricos, geográficos, etc.
Não é, portanto, objeto desta postagem fazer críticas à indústria tabagista, ou ao sucesso das campanhas publicitárias e dos instrumentos de marketing usados para atrair e fidelizar consumidores. Porém é relevante mostrar como o mercado e as indústrias tabagistas se moldaram, diante das pressões e das regulações feitas pela sociedade e pelos governos de diversos países, em função dos graves problemas de saúde causados pelo fumo. Acredito que essa postagem possa também ajudar a explicar o surgimento de conglomerados industriais a partir da tendência de diversificação da indústria tabagista.
Para a elaboração dessa postagem, recorri a diversas publicações sobre o tema, muitas das quais foram traduzidas por mim, complementadas com informações corrigidas, comentários, fotos e imagens encontradas na minha pesquisa.
1 - A origem do
Tabaco
Trecho
traduzido do documento “História, Economia e Danos do Tabaco”, publicado pela
Health Literacy - vide original em:
O
tabaco tem uma longa história originada nas Américas. Os índios Maias do
México esculpiam desenhos em pedra mostrando o uso do tabaco. Estes
desenhos datam de algo entre 600-900 DC. O tabaco era cultivado pelos índios
americanos antes dos europeus saírem da Inglaterra, Espanha, França e Itália
para a América do Norte. Os nativos americanos fumavam tabaco através de
uma espécie de tubo para fins religiosos e médicos. Eles não fumavam todos
os dias.
O tabaco
foi a primeira safra cultivada com fins comerciais na América do Norte. Em
1612 os colonos da primeira colônia americana em Jamestown, na Virgínia, plantavam
o tabaco como cultura de rendimento. Era a sua principal fonte de
dinheiro. Naquela época as outras culturas comerciais eram o milho,
algodão, trigo, açúcar e soja. O tabaco ajudou a financiar a Revolução
Americana contra a Inglaterra. Além disso, o primeiro presidente dos EUA também
cultivava tabaco.
Por
volta de 1800, muitas pessoas passaram a consumir pequenas quantidades de
tabaco. Alguns mastigavam. Outros fumavam ocasionalmente através de
um tubo, ou enrolavam manualmente o cigarro ou o charuto. Em média, as
pessoas fumavam cerca de 40 cigarros por ano.
Os primeiros cigarros comerciais foram feitos em 1865 por Washington Duke em sua fazenda de 300 acres em Raleigh, Carolina do Norte. Seus cigarros de palha eram vendidos aos soldados no final da Guerra Civil.
Fonte: http://www.appalachianhistory.net/2012/08/origin-of-phrase-dukes-mixture.html |
2 – A Evolução da
Indústria do Tabaco
Segue agora a minha tradução de um trecho
do estudo publicado pela Faculdade de Direito da Universidade de Dayton, que apresenta
detalhes sobre a evolução da indústria tabagista, incluindo algumas correções. Vide: http://academic.udayton.edu/health/syllabi/tobacco/history.htm
O Novo Mundo
descoberto
Em 15 de outubro de 1492 Cristóvão Colombo, ao
chegar à América, recebeu como presente dos índios americanos, folhas de tabaco
secas. Logo depois os marinheiros trouxeram tabaco de volta para a Europa e
essa planta passou a ser cultivada em toda a Europa.
A principal razão para a crescente popularidade do
tabaco na Europa eram suas supostas propriedades de cura. Os europeus
acreditavam que o tabaco poderia curar quase tudo, de mau hálito ao câncer. Em
1571, um médico espanhol chamado Nicolas Monardes escreveu um livro sobre a
história das plantas medicinais do mundo novo. Nessa publicação, ele alegava
que o tabaco poderia curar 36 problemas de saúde.
Fonte: Website Grenswetenschap |
Em 1588, Thomas Harriot, um reconhecido inglês (matemático,
astrônomo, etnógrafo, tradutor e explorador) escreveu um extenso livro narrando
seus achados em sua viagem a Virgínia, detalhando os hábitos dos nativos do
Novo Mundo (englobando Flora, Fauna, recursos naturais). Esse foi o primeiro
livro em Inglês sobre a nova terra que passou a ser referência. A partir de
seus estudos Harriot promoveu o fumo como um caminho viável para uma dose
diária de tabaco. Infelizmente, ele morreu de câncer de nariz (porque na
época era comum inspirar a fumaça do fumo pelo nariz).
Durante os anos 1600, o tabaco ficou tão popular que
chegou a ser negociado como moeda! O tabaco era literalmente, "tão bom
quanto o ouro!" Este foi também um momento em as pessoas passaram a
perceber alguns dos efeitos perigosos do tabaco. Em 1610, Sir Francis
Bacon percebeu que tentar acabar com o mau hábito era algo muito difícil!
Em 1632, 12 anos após o navio Mayflower¹ chegar a
Plymouth Rock, fumar publicamente era ilegal em Massachusetts. Isso tinha
mais a ver com as crenças morais da época, do que preocupações de saúde sobre o
tabagismo.
Em 1760, Pierre Lorillard criou uma empresa em Nova York para
processar tabaco, charutos e rapé. Hoje, P. Lorillard é a empresa mais antiga de tabaco nos EUA
Obs. 1: Mayflower (literalmente
"flor de maio") foi primeiro e famoso navio que, em 1620, transportou os
chamados Peregrinos, do porto de Southampton, da
Inglaterra, para o Novo Mundo.
Fonte: Wikipédia
Tabaco: uma indústria
em crescimento
Em 1776, durante a Guerra Revolucionária
Americana, o tabaco ajudou a financiar a revolução, servindo como garantia para
os empréstimos obtidos junto à França. Ao longo dos anos, mais e mais
cientistas passaram a entender melhor os produtos químicos contidos no tabaco,
bem como os efeitos nocivos a saúde que o fumo produzia.
Em 1826, a forma pura da nicotina é finalmente
descoberta. Pouco tempo depois, os cientistas concluem que a nicotina era um
veneno perigoso. Em 1836, Samuel Green, da Nova Inglaterra, indicava que o tabaco
era um inseticida, um veneno, e que poderia matar uma pessoa.
Em 1847, a famosa Phillip Morris é estabelecida, vendendo cigarros turcos enrolados à
mão. Logo depois, em 1849, a empresa J.
E. Liggett and Brother² é estabelecida em St. Louis, Missouri (empresa que recentemente
esteve envolvida num grande processo).
Os cigarros tornaram-se populares nesta época,
quando os soldados os levavam de volta para a Inglaterra, obtidos junto aos
soldados russos e turcos. Os cigarros nos EUA eram feitos principalmente das
sobras da produção de outros produtos do tabaco, especialmente de tabaco de
mascar. Mascar tabaco (fumo) tornou-se bastante popular neste momento com
os "cowboys" do oeste americano.
Em 1875, a
R. J. Reynolds Tobacco Company (mais conhecida pela sua folha de alumínio
Reynolds Wrap) foi estabelecida para produzir fumo de mascar.
Não foi até a década de 1900 que o cigarro tornou-se o principal produto do tabaco produzido e vendido. Ainda assim, em 1901, 3,5 bilhões de cigarros foram vendidos, enquanto 6.000 bilhões de charutos eram comercializados.
Em 1902, a britânica Phillip Morris inaugura a
sede em Nova York para comercializar seus cigarros, incluindo a marca Marlboro
(hoje famosa). Junto com a popularidade dos cigarros, no entanto, começou uma
pequena, mas crescente campanha antitabaco, com alguns estados norte-americanos
propondo a proibição total do tabaco.
No entanto, a demanda por cigarros cresceu e, em 1913, a RJ Reynolds começou a comercializar sua famosa marca de cigarros chamada Camel.
Obs. 2: J. E. Liggett and Brother - em 1878
passou a ser denominada, Liggett & Myer Tobacco Manufacturing Company. Na época
foi a maior empresa produtora de tabaco (fumo) para mascar. Produzia a famosa
marca de cigarros L&M.
Guerra e Cigarros:
uma combinação mortal
O uso de cigarro explodiu durante a Primeira Guerra
Mundial (1914-1918), onde os cigarros eram apelidados de "fumaça de soldado".
Em 1923, a marca Camel controlava 45% do mercado dos EUA. Em 1924, Phillip Morris começa a comercializar Marlboro como um cigarro feminino, por
ser "suave como o mês de Maio!
Para combater isso, American Tobacco Company, fabricante da marca Lucky Strike, começa a comercializar o seu cigarro para as mulheres e conquista 38% do mercado. As taxas de tabagismo entre adolescentes do sexo feminino logo triplicam durante os anos de 1925-1935!
Em 1939, a American Tobacco Company lança a nova
marca de cigarro Pall Mall, que a permite se tornar a maior empresa de tabaco nos
EUA!
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), as
vendas de cigarros estavam em alta. Os cigarros foram incluídos nas rações
para soldados (como comida!). As empresas de tabaco enviaram milhões de
cigarros para os soldados combatentes, de graça. E quando esses soldados retornaram
para casa, as empresas tiveram um fluxo constante de clientes fiéis.
Durante a década de 1950, ficou mais e mais em evidência
o fato que o tabagismo estava associado ao câncer de pulmão. Embora a
indústria tabagista negasse os riscos para a saúde, as empresas desenvolveram
novos produtos que eram "mais seguros", como os cigarros com filtro e
com menos alcatrão.
Em 1952, P.
Lorillard promovia sua marca Kent com
o filtro "micronite", que continha amianto! Felizmente foi
descontinuada em 1956. Em 1953, o Dr. Ernst L. Wynders descobre que o alcatrão
do cigarro colocado sobre as costas dos ratos provoca tumores!
Em 1954, a R. J. Reynolds lança a marca Winston com filtro.
E em 1956 a Reynolds introduz a marca Salem, que foi o primeiro cigarro com ponta de filtro com sabor mentol.
Riscos à Saúde
Revelados!
Em 1964, o
relatório do Surgeon General³ (cirurgião
Geral) sobre "Tabagismo e Saúde" é emitido. Este relatório ajuda
em permitir que o governo americano regule a propaganda e venda de cigarros. A
década de 1960, em geral, foi um momento em que grande parte dos riscos do fumo
à saúde foram relatados.
Em
1965, os anúncios de cigarro de televisão são retirados do ar na Grã-Bretanha. Em
1966, as campanhas de saúde nos maços de cigarro começam a aparecer.
Em
1968 foi lançada Bravo uma marca de
cigarros que não continha tabaco. Feito principalmente do alface, o produto miseravelmente fracassou como produto de massa. Contudo, instalada na Pensilvânia, nos EUA, a empresa ainda existe sob nova administração com o propósito de reduzir gradualmente a vontade de fumar.
Fonte: http://www.bravosmokes.com/ |
Por
causa da pressão da imprensa sobre o tabaco, as grandes empresas de tabaco
começaram a diversificar seus produtos. A Phillip
Morris compra a Miller Brewing Co.,
fabricante da cerveja Miller, Miller Lite e Red Dog. A R. J . Reynolds Tobacco Co.
descarta o “companhia de tabaco” de seu nome, se tornando a R. J. Reynolds Industries (Indústrias
R. J. Reynolds). Também começa a adquirir outros produtos, tais como o
alumínio. A American Tobacco
Company também tira “Tabaco” do seu nome, tornando-se a American Brands Inc.
Em
1971, os anúncios de televisão de cigarros são finalmente retirados do ar nos
EUA, no entanto, ainda são o produto mais fortemente anunciado seguido dos
automóveis. Em 1977, o primeiro nacional Smokeout
Great American* ocorre.
Em
1979, o Surgeon General emite um
relatório sobre as conseqüências do tabagismo para a saúde das
Mulheres. Isto é dirigido ao crescente número de mulheres que adquirem o péssimo
hábito de fumar. Alguns atribuem este fato ao mote da campanha
publicitária da marca Virginia Slims:
"Você percorreu um longo caminho baby!"
Obs. 3 - Surgeon General (tradução:
Cirurgião Geral) – Ligado ao Departamento de Serviços Humanos e de Saúde do
Governo Americano, é o porta-voz líder do governo federal sobre assuntos de
saúde pública.
O passado recente
Durante a década de 1980 havia muitos processos
movidos contra a indústria do tabaco, devido aos efeitos prejudiciais dos seus
produtos. Fumar se tornou politicamente incorreto, com muitos lugares
públicos, proibindo as pessoas de fumar.
Em 1982, os relatórios do Surgeon General advertiam que o fumo passivo poderia causar câncer
de pulmão. Fumar em espaços públicos passa a ser restritos, especialmente
nos locais de trabalho.
Em 1985, o câncer de pulmão se tornou o assassino n º 1 das mulheres, superando o câncer de mama. A Phillip Morris continuou a diversificação dos seus negócios, adquirindo a General Foods Corporation e a Kraft Inc. em 1985. R. Reynolds também diversificou seus negócios, comprando a Nabisco (dos famosos biscoitos Oreos) e tornando-se a R. J. R. / Nabisco.
Em 1987, o congresso americano proibiu o fumo em todos os vôos domésticos com duração inferior a 2 horas. Em 1990, foi proibido fumar em todos os vôos domésticos, exceto para o Alasca e Havaí. Em 1990, os famosos sorvetes Ben &Jerry boicotam a R. J. R. / Nabisco, retirando os biscoitos Oreos dos seus produtos gelados.
Durante os anos 80 e 90, a indústria tabagista investe
fortemente na comercialização de seus produtos em áreas fora os EUA,
especialmente nos países em desenvolvimento na Ásia. A Marlboro é considerada a marca n º 1, mais valiosa do que qualquer outro
produto, com um valor estimado em mais de US$ 30 bilhões. Durante esse
período, há uma batalha entre Coca-Cola
e Marlboro pela a marca número 1º no
mundo.
Nos últimos, anos, há evidências crescentes que a
indústria do tabaco sempre soube que os cigarros são prejudiciais, mas
continuou a comercializar e vender. Há também evidências de que eles
sabiam que a nicotina era viciante e explorado este conhecimento oculto de
obter milhões de pessoas viciadas em este hábito perigoso!
A verdade está lá fora!
3 – Como o Tabaco se
tornou uma indústria: A contribuição de James Bonsack
Fonte: website ceskatelevize.cz |
O hábito de fumar cigarro se tornou realmente popular e generalizado a partir de 1881, quando James Bonsack inventou a máquina de produzir cigarros. O equipamento de Bonsack era capaz de produzir cigarros simétricos e com o mesmo comprimento, tornando-se comercialmente apelativo ao consumidor.
Com a introdução da nova máquina foi possível aumentar substancialmente a produtividade. Enquanto antes se produzia 3 cigarros por minuto (máximo de 4.000 por dia em turnos de 24 horas), a Máquina Bonsack de cigarros chegava a fazer 120 mil cigarros por dia. Ele entrou no negócio com o filho do Duke Washington, James ”Buck” Duke.
Eles construíram uma fábrica e produziram 10 milhões de cigarros em seu primeiro ano e cerca de um bilhão de cigarros cinco anos mais tarde. A primeira marca de cigarro era embalada em uma caixa com cartões de beisebol e recebeu a marca Duke of Durham. Buck Duke e seu pai começaram a primeira empresa de tabaco dos EUA, chamada de American Tobacco Company.
Máquina Bonsack |
Em 1990 foi fundada a BritishAmerican Tobacco, joint venture entre a American Tobacco Company e a UK’s Imperial Tobacco Company.
4 – Algumas Marcas que Fizeram Sucesso no Mercado Americano
Camels - Eles são tão saborosos! |
Chesterfield - Ele Satisfaz! |
Fatima - Super Suave. |
L&M - Orgulho em Fumar. |
Lucky Strike - Médicos dizem: Luckies irritam menos! |
Lucky Strike - É tostado. Sua proteção para garganta contra irritação e tosse. |
Viceroys com Filtro - Como seu dentista eu recomendaria Viceroys. |
Philip Morris - Comprovação científica: Testado na garganta. |
Malboro - papai, você sempre obtém o melhor de tudo, até em Malboro! |
5 – Segmentação de Mercado
Como qualquer produto de consumo, o mercado tabagista
diversificou-se seguindo tendências e padrões diferentes. Embora o foco dessa
postagem seja o cigarro, vale a pena mostrar alguns dos segmentos que
surgiram no processo de formação do mercado tabagista e que permanecem até
hoje.
d) Fumo de rolo
(ou fumo de corda)
e) Tabaco de
mascar (chewing tobacco)
f) Rapé
Ao longo do seu ciclo de vida, o cigarro cresceu e amadureceu,
entrando numa fase de declínio que se arrasta e se prolonga por muito tempo e
que não sabemos quando e como irá acabar. Mesmo assim, durante esse tempo diversas
categorias e linhas de produtos foram criadas de acordo com as preferências dos consumidores. É importante ressaltar que o uso
das ferramentas de marketing foi essencial na criação dos segmentos e no
posicionamento das marcas no mercado de cigarros. Podemos observar algumas das
categorias criadas:
5 – Puro ou com filtro (forte ou suave)
6 – Econômico ou popular (custo x benefício)
7 - Esportivo (apelo esportivo)
California |
Continental (sem filtro) |
Continental (sem filtro) |
6 – Econômico ou popular (custo x benefício)
Vila Rica |
Vila Rica |
7 - Esportivo (apelo esportivo)
Fonte: Speed Blog |
John Player Special Fonte: http://euro-cig.com/gallery.php?id_cap=77 |
Malboro Team Fórmula 1 |
Cigarros Foot-ball Fonte: Baú da Propaganda |
Anúncio Cigarros Goal 1922 |
Durante grande parte do século passado muitas campanhas fizeram
a cabeça das pessoas, ajudando a associar a imagem de algumas marcas de cigarro
à sofisticação, status, sucesso, charme, liberdade, determinação, aventura e
esporte, etc.
6 – Marcas famosas de
Cigarros no Brasil e Curiosidades
No Brasil a evolução da indústria do cigarro se confunde
muito com a história da empresa Souza Cruz. Mas vamos fazer um breve resumo:
Até a chegada de Dom João VI ao Brasil, quando assinou o alvará de 1º de abril de 1808, não era possível abrir indústrias na “Colônia” para que não houvesse concorrência com Portugal. O primeiro processo de fabricação rudimentar do fumo se limitava ao rolo de fumo. Originado da França, o “Raper Le Tabac” deu origem ao termo rapé no Brasil. Com o costume do rapé introduzido na sociedade brasileira, algumas fábricas de rapé surgiram, inicialmente, em 1817 no Rio e posteriormente na Bahia. Fábricas caseiras de charuto também foram criadas, a partir de 1808, como concorrência ao rapé, concentradas principalmente na Bahia. Uma das principais empresas com atuação neste segmento era a Suerdieck, fundada em 1892, cujos produtos eram inicialmente voltados para a exportação.
O cigarro chegou ao Brasil apenas no inicio do século XX,
quando começou a canibalizar o hábito de se fumar charuto. A fabricação de
cigarros se desenvolveu principalmente no Rio, São Paulo e no Rio Grande do
Sul. Algumas empresas se restringiam a desfiar o fumo em corda para venda
direta ao consumidor, ou para os fabricantes de cigarros. Outros faziam o
beneficiamento do fumo para exportação. O clima e a geografia do Brasil se
adequavam muito a plantação e o beneficiamento do fumo.
Albino Souza Cruz Portal da Comunidade Luso-Brasileira do Estado de São Paulo |
Cigarros Dalila -Souza Cruz Fonte: Jacques Broder Blog |
A Souza Cruz foi fundada no Rio de Janeiro, em 25 de Abril de 1903, pelo jovem imigrante português Albino Souza Cruz que colocou em operação a primeira máquina de produção de cigarros enrolados em papel. Uma das primeiras marcas de cigarros lançadas pela Souza Cruz foi a Dalila.
Com o objetivo de obter recursos para financiar a expansão do negócio, Albino Souza Cruz transformou a companhia em S. A., passando o controle acionário a British American Tobacco em 1914, porém permanecendo na presidência. A partir daí a empresa cresceu, diversificou-se, tornou-se internacional e construiu usinas de processamento de fumo e fábricas em demais estados do Brasil (Rio Grande do Sul, Pernambuco, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais).
Ao longo do século passado, a Souza Cruz se tornou um exemplo
de empresa bem administrada que proporcionou muitas oportunidades e benefícios para
seus gestores e colaboradores. Para atingir os consumidores na ocasião do
desejo de fumar, possuía uma cadeia de distribuição bastante pulverizada, que chegava
a locais quase inusitados. Nas ruas, o cigarro era vendido também “a retalho”, em
fiteiros, bancas de jornais, camelôs, reduzindo assim o valor o custo unitário do cigarro.
Durante as décadas marcadas pela inflação em alta, o lucro
principal da empresa advinha da boa gestão do fluxo de caixa. Neste período, a
principal preocupação da empresa era recolhimento imediatamente o faturamento
diário, muitas vezes mais de uma vez ao dia, visando obter ganhos com a aplicação
financeira dos altos tributos incidentes sobre o produto. Já com a queda da
inflação e a estabilização da economia brasileira, a Souza Cruz, assim como as
demais empresas da indústria tabagista, foram obrigadas a se tornar em eficientes focando no resultado operacional.
A Souza Cruz enfrentou a concorrência de diversas empresas de
grande porte, entre elas a J. R. Reynolds e a Philip Morris, além de empresas nacionais de menor porte.
Algumas marcas que fizeram parte da história do mercado de cigarros no Brasil
Cigarros Belmont |
Cigarros Yolanda |
Cigarros Yolanda |
Cigarros Derby Club |
Cigarros Elmo |
Cigarros Hollywood |
Cigarros Hollywood |
Cigarros Hollywood |
Cigarros Luxor |
Anúncio Camel e Cigarros Minister |
Cigarros Odalisca |
Cigarros Lincoln |
Cigarros Continental |
Anúncio Cigarros Califórnia |
Algumas Campanhas de TV
Filme Hollywood - 1970
Filme Hollywood The Flying Lap
Coletânea de Filmes Antigos Hollywood
Filmes Antigos Hollywood
Filme Hollywood, O Sucesso Miles Away
Filme Hollywood, O Sucesso - anos 80
Filme Vila Rica com Gerson
Filme Chanceler - O Fino que Satisfaz
Filme Carlton Lights - Anos 80
Filme Continental
Filme Minister - 1979
Filme Minister
Filme Plaza
Filme Arizona
Filme Charm - 1983
Filme Luiz XV - 1978
Filme antigo do Malboro
7 – Conclusão
Para finalizar deixo aqui uma mensagem de reflexão sobre a
importância da indústria de cigarros no atendimento às necessidades do ser
humano. Afinal, se o homem tem o desejo ou a necessidade de fumar, alguma
empresa deve prover a solução.
Amostra Grátis Minister Varig |
Amostra Grátis Hollywood Vasp |
Free Jaz Festival CD - Fonte: Toda Oferta UOL |
Joe Camelo: Ícone - Personagem de marca dos Cigarros Camel |
Mas, até que ponto o uso de instrumentos de marketing como, campanhas
publicitárias, degustação de produtos, patrocínios de eventos e técnicas de merchandising pode ser considerado antiético? Até que ponto as técnicas de marketing visando à conquista de novos
clientes e fidelização dos clientes atuais podem ser consideradas como práticas
inapropriadas. E até que ponto o uso das estratégias de marketing visando à
conversão dos fumantes ocasionais em fumantes inveterados são abomináveis?
Gostaria de receber a sua opinião sobre esse assunto. Deixe
aqui o seu comentário ou sua crítica sobre este tema.
Fontes Consultadas:
http://freepages.history.rootsweb.ancestry.com/~earlystlouis/businessads.html
http://www.britannica.com/EBchecked/topic/340438/Liggett-Group-Inc
http://www.lorillard.com/
http://en.wikipedia.org/wiki/Lorillard_Tobacco_Company
http://en.wikipedia.org/wiki/Tobacco_industry#History
http://www.ranker.com/list/tobacco-companies/reference
http://www.bbc.co.uk/news/magazine-20042217
http://en.wikipedia.org/wiki/James_Albert_Bonsack
http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/bbc/2012/11/15/conheca-o-pai-da-invencao-mais-letal-da-historia.htm
http://www.flickr.com/photos/behindthesmoke/6050866543/sizes/o/in/photostream/
http://www.bat.com/
http://en.wikipedia.org/wiki/Great_American_Smokeout
http://www.benjerry.com/company/history
http://ncpedia.org/american-tobacco-company
http://www.philipmorrisusa.com/en/cms/home/default.aspx
http://almanaque.blog.br/tag/souza-cruz/
http://www.souzacruz.com.br/
http://campograndesantos.files.wordpress.com/2011/01/pag-4-001.jpg
http://www.euro-cig.com/gallery.php?id_cap=1#
http://www.forumlogistica.net/site/new/teses/pdf/01dez04_Paulo_Grigorovski.pdf
http://jacquesbroder.blog.uol.com.br/arch2009-06-16_2009-06-30.html
Prof., imagine se o cigarro não existisse até os dias de hoje e acontecesse a seguinte cena: um empresário tentando protocolar nos órgãos oficiais, o pedido de registro de um novo produto de consumo popular com mais de 4.000 substâncias tóxicas ! O cara talvez fosse preso ainda na repartição pública. Mas como essa droga já existe e conta com um lobby fantástico, ninguém consegue tirar o cigarro do mercado. Mundo estranho em que vivemos, não ? Brás Vitorino
ResponderExcluirAh, ia me esquecendo de cumprimentá-lo pelo trabalho acima. E já que o sr, pediu a opinião ai vai. O governo que hoje cogita forçar o tratamento aos adictos do crack, poderia fazer o mesmo com os fumantes. São ambos dependentes de drogas, e essas só variam no status de legalidade. BV
ResponderExcluirBraz, concordo com você. Caso não existisse, um produto como esse, dificilmente seria aceito por um órgão fiscalizador de produtos como a ANVISA ou o FDA nos EUA. Mas, como você bem colocou, contra fatos não se tem como negar. Ou seja em nome da tradição e do costume, muitas coisas ainda perduram. Apesar de todo o marketing contrário ainda há muita gente que tem prazer em fumar e não quer acabar com esse hábito. E até que tem lá o seu charme, fumar um charuto ou um cachimbo. Mas, como faz mal a saúde, prefiro não fazer!!!.
ResponderExcluirNo caso do tratamento forçado contra o crack, o governo pode fazê-lo pois o custo não é ainda tão alto. Mas é possível oferecer tratamentos alternativos para fumantes que desejam parar de fumar. Acredito que isso pode ser feito sem obrigação! O custo seria muito alto se abrangesse todos os fumantes.
Obrigado pela sua colaboração e pelos comentários. Abraços.
Caro Prof. Artur, excelente trabalho de revisão.
ResponderExcluirEstamos protocolando na Anvisa a primeira fábrica de cigarros isentos de tabaco e nicotina do Brasil. Creio que dentro de pouco tempo neste blog deverá constar um novo produto, que criamos para auxiliar quem deseja parar de fumar tabaco. Abraço!
Alexander P. Moreira - Farmacêutico-Bioquímico
Obrigado pelo feedback Alexander. Fico no aguardo de seu lançamento para informar em primeira mão aqui no Blog.
ExcluirAbraços
Olá, Meu nome é Carlos e estou com alguns maços de cigarros de alface que encomendei sobrando. Graças a deus e a minha força de vontade pude largar esse vicio maldito. Caso tenha interesse que adquirir esses cigarros que mata o vicio do habito por favor entre em contato no e-mail: cigarrodealface@gmail.com Muito obrigado!
ResponderExcluirO marketing e a propaganda apenas estimulou a introdução do vício, mesmo sabendo-se dos malefícios, para que o cigarro continuasse existindo até hoje, sendo que o vício se espalha pelo seu próprio apelo, pois a nicotina é altamente viciante.
ResponderExcluirConcordo. O costume de se fumar aparece entre índios e povos primitivos, sendo considerado parte de sua cultura. O grande problema é que a indústria tabagista utilizou as estratégias de marketing e ferramentas de comunicação para promover o consumo. Isso é danoso. Do ponto de vista mercadológico foi um sucesso. Mas do ponto de vista da responsabilidade social é algo que passou a ser criticado e aos poucos passou a ser regulado até se banir completamente a propaganda em muitos países do mundo. E passou-se a se usar as estratégias de marketing para desestimular o consumo, através de fotos e dizeres que criam o medo junto aos usuários, para que deixem de fumar. É claro que o efeito demonstração ainda atua positivamente junto aos jovens. Mas, claramente as pessoas já percebem que os fumantes são as exceções! Em relação a nicotina, ou outros componentes que estão inseridos no fumo, acredito também que levam ao vício. Por isso hoje em dia é preciso fazer campanha para evitar o crescimento de novos fumantes. Mas é difícil fazer com que uma pessoa viciada deixe de fumar. É preciso ter muita força de vontade!
ResponderExcluirDemais !
ResponderExcluirBom dia! Sou morador da cidade onde foi gravado o comercial do cigarro Luiz xv em 1978. Gostaria de saber qual agência de publicidade que gravou o comercial para tentar recuperar algumas imagens antigas da minha cidade.
ResponderExcluirQual e sua cidade?
Excluir"Há evidências de que eles (fabricantes de cigarros) sabiam que a nicotina era viciante e explorado este conhecimento oculto para viciar as pessoas!" O mesmo ocorre com o alcool e farmacos, somos sabotados o tempo inteiro, ninguem percebe porque estao hipnotozados por ondas de radio e TV, outro conhecimento oculto usado prara destruir vidas.
ResponderExcluirCigarro tempo ainda existe.
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