quinta-feira, 6 de junho de 2013

Crise na Comunicação Empresarial - Essa é para morrer de rir!!!!

Por Artur Reis
 
 
Fonte: Good Light
A comunicação é um dos principais fatores que estão por trás do sucesso ou do fracasso nas relações humanas. A comunicação eficaz pode selar acordos, fechar parcerias, proporcionar aquisições, gerar  lucros, promover casamentos, etc. Mas, quando a comunicação não consegue cumprir o seu papel, os problemas podem ser catastróficos.
Em muitas empresas, a Comunicação é relegada ao segundo plano, não sendo cuidada de maneira profissional. Em muitos casos, a comunicação empresarial acaba ficando nas mãos de pessoas não especializadas.
 
Sem querer entrar muito nos conceitos teóricos sobre Comunicação Empresarial, nesta postagem quero apenas mostrar um leve e divertido caso de um problema de comunicação, ocorrido numa empresa nacional em tempos passados.
 
Poucos conhecen este "causo", mas tenho usado nas aulas como forma de ilustrar a "comunicação ineficaz". O "causo" foi extraído do Livro de Leopoldo Alves, com pequenas adequações para a nossa época. É interessante ver como as pessoas se comunicavam em meados do século passado, sem celular e internet.
Leiam até o final e riam bastante!!!!
 


O Causo - extraído do Livro: Histórias e Estórias do Caixeiro Viajante – Leopoldo Alves (Introdução de Jorge Amado).

 
Mas, vamos deixar de lado, um pouco da época moderna e voltar ao tempo em que não existia internet. Telefone, só em poucos lugares. Celular, então nem pensar!
 
Vamos voltar ao período no Brasil, em que o meio mais rápido de se comunicar com alguém, era o telegrama. Aqueles, que não eram nascidos naquele tempo e nunca sequer ouviram falar em Western, é bom esclarecer que telegrama era uma mensagem enviada por uma pessoa a outra, através de Código Morse.  A pessoa enviava uma mensagem por escrito, que era codificada em sinais sonoros e transmitidas através de cabo. Prestem atenção ao significado da expressão PT, que não representava o Partido de Lula e sim PONTO. E o termo VG, que significava vírgula na linguagem telegráfica. Por economia, se omitia grande parte dos artigos nas frases.

Nos primeiros anos pós-guerra, O Brasil vivia tempos promissores e de grandes realizações, como a tão esperada conclusão da Rodovia ligando o CENTRO-SUL com o Norte e Nordeste brasileiro, as estradas de ferro sendo renovadas e aviação comercial ressurgindo das cinzas, ampliando a penetração nos vários estados do Brasil.
 
A abertura da nova estrada proporcionou o surgimento de várias comunidades, abriu as portas para que várias outras localidades pudessem ser atingidas e interligadas.
 
As indústrias de tecidos, as fábricas de bens de consumo, que antes só vendiam aos grandes fregueses das capitais, os chamados atacadistas, descobriram um novo filão, um novo mercado para seus produtos e invadiram a zona interiorana.
 
As grandes firmas e empresas abriram suas filiais, instalaram modernos escritórios e recheados depósitos de mercadorias nas principais cidades do país. Com a abertura das sucursais, havia necessidade de penetrar pelo interior a dentro e a abrir novas praças.
 
Naquele tempo de transformações, uma nova expressão passou a ser ouvida com freqüência e insistência na roda dos viajantes, a palavra prospecção, que não possuía outro significado senão o de fazer sondagens, realizar averiguações a procura de fregueses, novos pontos de vendas, etc.
 
Um laboratório farmacêutico querendo expandir a sua atuação no mercado, especialmente num canal em franco crescimento, o de farmácias,  selecionou um vendedor para fazer uma prospecção em Santa Terezinha. O vendedor era um elemento bem humorado, de estatura mediana, com uma certa protuberância na barriga, tinha calvície prematura, nariz pontiagudo e era vermelho, como camarão. Seu nome era Pitágoras, mas devido a sua epiderme avermelhada, passou a ser apelidado de Pitágoras Manga Rosa.
 
Pitágoras partiu para a sua desafiante tarefa, permanecendo numa misteriosa mudez. Após duas semanas de silêncio total, desde que havia saído de Salvador, Pitágoras não havia dado qualquer sinal de vida ao Gerente da Filial. Este, preocupado com o sumiço do viajante, mandou-lhe um telegrama em caráter de urgência com os seguintes dizeres:
 
- ESTAMOS ANSIOSOS NOTÍCIAS pt FAVOR INFORMAR SITUAÇÃO PRAÇA
 
Pitágoras ao receber o telegrama, respondeu prontamente:
 
- PRAÇA AQUI ESTÁ NO FIM pt PREFEITO LOCAL NADA REALIZA pt  BANCOS JARDINS TOTALMENTE DANIFICADOS E CAPIM JÁ TOMOU CONTA DE TUDO
 
O Gerente, ao receber a resposta, percebeu, ou pelo menos pressupôs, que Pitágoras havia interpretado o telegrama erroneamente, ficando bastante desapontado. E expediu logo outra mensagem:
 
- NÃO NOS REFERIMOS PRAÇA LOGRADOURO PÚBLICO pt NOSSO DESEJO É SABER NOTÍCIAS MERCADO LOCAL
 
Pitágoras, de posse do novo telegrama, passou de julgado a julgador, pensou que o seu Gerente não havia entendido a sua explicação e respondeu laconicamente:
 
- MERCADO LOCAL ESTÁ PIOR QUE A PRAÇA pt TELHADO JÁ DESABOU E BARRAQUEIROS ABANDONARAM LOCAL
 
Neste momento, fazendo força para controlar a sua fúria, pois não podia entender tanta desconexão, o Gerente da Filial mandou expedir a terceira mensagem, uma mensagem que ele achava bastante elucidativa:
 
- REFERÊNCIA NOSSOS ÚLTIMOS TELEGRAMAS vg ESCLARECEMOS-LHE QUE NÃO DESEJAMOS SABER SITUAÇÃO PRAÇA LOGRADOURO E NEM SITUAÇÃO MERCADO PÚBLICO MUNICIPAL pt NÓS QUEREMOS SABER É SITUAÇÃO GERAL DA ZONA
 
Ao receber o telegrama, Pitágoras sorriu largamente. Naquele assunto que o Gerente se reportara, ele era mestre, ninguém melhor do que ele poderia prestar as informações solicitadas. Foi até o telégrafo, respondeu a mensagem de maneira catedrática:
 
- ZONA AQUI É O FINO pt ONTEM CHEGARAM VINTE GAROTAS DE SALVADOR PARA INAUGURAÇÃO NOVO CABARÉ pt CONVITE FEITO AO SIGNATÁRIO É EXTENSIVO A ESSA GERÊNCIA pt FICO AGUARDANDO INTRUÇÕES SOBRE A VINDA GERENTE PARA PRESTIGIAR A REFERIDA INAUGURAÇÃO.
 
E as instruções chegaram mais rápido do que e-mail, com um texto desta vez muito conciso:
 
- REGRESSE URGENTE COM BAGAGEM E TUDO MAIS
 
Na gíria dos viajantes da época, telegramas com aquele tipo de redação significava demissão à vista. Mas o Pitágoras, felizmente, não foi demitido. Continuou no laboratório vendendo horrores, contribuindo para ampliar o prestígio da Filial, ante os olhos críticos da Matriz.
 
Mas de qualquer maneira, nunca mais lhe deram a incumbência de fazer uma prospecção. Também pudera!