Por Artur Reis
Superando as
expectativas dos clientes
No mundo atual globalizado e altamente competitivo, um dos
chavões de marketing mais repetidos e talvez, menos percebidos na prática é o
de “Encantar Clientes”.
Muitas empresas incluem em sua Visão ou Missão o seguinte
compromisso: superar as expectativas dos
clientes. Mas, fica aqui a pergunta no ar: será que estas empresas estão
pelos menos conseguindo atender às expectativas dos seus clientes? Será que ao
menos estão conseguindo entregar o que prometem ou quanto mais superá-las?
Quando se trata de empresas de serviços, um dos melhores indicadores
para medir o seu desempenho junto ao mercado é avaliando o seu índice
de reclamações e a forma com a qual essas empresas agem na solução dos
problemas. Podemos perceber que os resultados não são tão animadores.
Recentemente pudemos ver a crise que atingiu as empresas de
telecomunicações no Brasil. A ANATEL teve que intervir, suspender os serviços e multar as
empresas para que pudessem resolver os graves problemas de prestação de
serviços.
Vide:
Serviço de
Atendimento ao Cliente - SAC
E é na hora de ligar para as empresas de serviços que
podemos verificar na prática, como estão a desejar no quesito atendimento e
relacionamento com seus clientes.
Quando queremos adquirir um novo serviço, de “TV por assinatura”,
“Internet banda larga“, ou mesmo um “Plano de telefonia celular ou fixo”, a
facilidade com a qual conseguimos ser rapidamente atendidos chega a
impressionar. Contudo, uma vez fisgados, os clientes passam a ter um alto grau
de dificuldade para conseguir contatar o serviço de atendimento ao cliente (SAC),
seja para resolver um simples problema operacional, ou problemas de erros na
fatura.
Para chegar a falar com um atendente que realmente poderá resolver
o nosso problema, temos que passar por várias opções de menus, que variam de 1
a 9. E a cada vez que nos deparamos com um desses menus, perde-se não só uma
enormidade de tempo, como também nossa paciência. Fora isso, ao chegarmos finalmente à opção
desejada, uma mensagem que soa como uma bomba é transmitida sem parar: "todos os
nossos atendentes estão ocupados neste momento, aguarde que em breve você será
atendido". Nisso uma “musiquinha” irritante que nos faz ainda mais perder a
cabeça, passa a martirizar os nossos ouvidos como uma tortura chinesa.
Exemplo de música de espera
Eu mesmo, já contabilizei mais de 30 minutos para conseguir
falar com um atendente ao vivo. Fora, as diversas vezes em que a ligação “caiu”
antes que eu conseguisse ser atendido e resolver o meu problema.
Mas, onde está o problema? Será que está no processo de
redução de despesas fixas, com o fechamento dos locais para atendimento direto
e ao vivo de clientes e usuários? Será que está no atendimento terceirizado, feito
por empresas, cujos atendentes são colaboradores sem experiência, que são
obrigados a atender centenas de ligações dentro de padrões e limitações
impostas?
Ou será que o problema ainda é a falta de mobilização dos
clientes e dos usuários brasileiros, que ainda acham que ter acesso ao serviço,
por pior que seja é melhor do que nada? Muitos clientes de serviços no Brasil
ainda não estão acostumados a reclamar formalmente, ligar para as agências reguladoras,
PROCONS, ou fazer valer os seus direitos.
Segue abaixo a lista com alguns setores que apresentam um
alto índice de reclamações junto aos PROCONS e outros órgãos de defesa dos
consumidores em todo o Brasil:
- Telefonia móvel e fixa
- Companhias áreas
- Planos de saúde
- Operadoras de cartões de crédito
- Planos de internet banda larga
- TV por assinatura
- Bancos
- Energia elétrica
- Varejo de eletrodomésticos e eletrônicos
Conclusão
Ainda estamos numa fase de amadurecimento em termos de
oferta de serviço aos clientes e usuários no Brasil. Até pouco tempo atrás,
muitos serviços eram estatizados e não se podia escolher. Com o processo de
privatização, muitos serviços púbicos passaram a ser operados por diversas
empresas, ampliando a oferta, reduzindo o preço final e melhorando o desempenho
do setor. Mas, ainda há um grande caminho a ser percorrido não só pelas
empresas concessionárias de serviços públicos como pelas empresas privadas de
serviços. As empresas ainda estão tão preocupadas em conquistar novos clientes,
que deixam a desejar no relacionamento voltado para fidelização dos seus
clientes. Talvez porque ainda tenham muitos novos clientes potenciais para serem
conquistados.
Com certeza, quando chegarmos ao grau de maturidade no Ciclo
de Vida desses mercados, as empresas passarão a cuidar mais e melhor de seus
clientes atuais, fazendo tudo para não perdê-los. Da mesma forma que já acontece
com muitos produtos de consumo de massa no Brasil, cuja decisão de marca é feita a cada
ocasião de compra. Basta um pequeno deslize para que o consumidor opte pelo
concorrente. Em geral, esse mercado é mais maduro, com a presença de muitos
players, marcas e variedade de produtos e versões de embalagens.
É necessário que os brasileiros passem a atuar mais
diretamente na melhoria da qualidade dos serviços ofertados, seja reclamando,
seja registrando queixas nos órgãos competentes, seja trocando de fornecedor.
Só assim poderemos nos equiparar em termos padrões de
serviços aos países mais desenvolvidos, como os Estados Unidos, onde os preços de muitos serviços são muito menores e a qualidade muito superior a nossa.
E você também já teve alguma péssima experiência ao tentar
falar com um serviço de atendimento ao cliente? Tem alguma empresa que
gostaria de elogiar? Deixe aqui o seu comentário.
Atendimento errado - alguém já passou por isso?
Ótimo artigo, retrata bem o que todos nós passamos, seja na prestação em si dos serviços, como nas interações com o call center, com atendimento invariavelmente sofrível. A mudança de patamar na prestação dos serviços e no atendimento vai acontecer na medida que os mercados amadureçam e que os clientes se tornem rarefeitos e mais exigentes. Por hora, as empresas pintam em bordam, a demanda ainda é alta, especialmente nos mercados no topo da lista de reclamações no PROCON.
ResponderExcluirObrigado Regina. Apesar de muitas empresas afirmarem que trabalham para superar às expectativas dos seus clientes, o trabalho é muito mais voltado para conquista do que para a manutenção. Quando o mercado se torna maduro, com um maior número de concorrentes disputando o consumidor, um a um, aí o negócio muda. Quem já tem o consumidor não quer perder. Isso acontece em quase todos os segmentos de serviços. O problema é que quando uma empresa "acorda para Jesus" e descobre que está perdendo seus clientes, pode ser tarde demais. Já perdeu uma grande fatia do mercado e pode não mais se recuperar.
Excluir